Conto
Numa terra muito distante existia uma quinta que tinha uma linda e grande mansão com muitas divisões, todas elas recheadas de objectos maravilhosos. A rodear a casa havia um jardim, com flores de muitas espécies, havendo em maior número e em todas as cores as tulipas, e por esse motivo os donos lhe deram o nome de Quinta das Tulipas. Lá tudo era deslumbrante e mágico e as flores, as árvores e a casa falavam entre si. E num dia como tantos outros, as tulipas começam a conversar e perguntam à grande casa:
“Ó mansão, porque é que tens sempre os olhos fechados?”
A qual dá um grande suspiro e diz:
“Querem dizer as minhas janelas?”.
Respondem-lhe as tulipas em coro:
“Tanto faz, respondem-lhe e soltam risos trocistas.”
A grande casa que há já muito tempo se sentia aborrecida, respondeu às flores.
“Deviam ter vergonha, estão a troçar de mim. Eu que sou a mais importante desta quinta, tudo o resto é secundário e apesar dos meus proprietários só cá virem de vez em quando, tenho a certeza que estou sempre nos seus pensamentos.
Fez-se silêncio por alguns minutos e a casa pensou para consigo.
“Elas sabem que eu tenho razão, ninguém ousa me desafiar. Pode ser que agora deixem de me aborrecer, pensam que por serem muitas conseguem deixar-me sem palavras.”
Mas a seguir começou a ouvir uns sussurrantes cochichos, as tulipas conferenciavam entre si, até que lhe disseram:
“Não concordamos, com o que disseste, todos somos importantes, tu casa, nós e demais flores, as árvores, os animais, as aves e insectos, todos fazemos parte desta quinta e por conseguinte fazemos parte do espólio desta quinta. Mas por outro lado de certeza que os proprietários valorizaram-nos, nós com certeza somos as mais importantes a quinta até tem o nosso nome.”
E a partir deste comentário foi um pandemónio geral, cada flor afirmava que era a mais bela e rara e por isso era a mais preciosa e com mais importância que existia na quinta, até as árvores reclamavam, pois eram árvores seculares e já tinham vivido muito, por esse motivo consideradavam-se as mais valiosas e importantes. Passado algumas horas, depois de grandes discussões e de uma algazarra enorme, o solo gritou no seu vozeirão para se fazer ouvir:
“Calem-se, estão todas com as manias das grandezas, que eu saiba todos nós sem excepção somos importantes. Lembrem-se que eu sou a base para tudo o que esta quinta tem, mas a casa é o abrigo das pessoas que vêm cá morar ou passar férias, vocês grandes árvores, dão sombras e frutos e vós flores a vossa função é irradiarem beleza calma e paz. Por isso devem perceber e prestar atenção que nós todos somos importantes porque nos equilibramos e harmonizamos para que os homens aqui se sintam bem, com alegria e felizes.
LuzG